Adoro a idéia de um livro com páginas em branco. Assim, sem nada, nú. Virgem de idéias, ele se torna objeto de desejo, à espera de sua defloração. E, ainda que sua pureza seja rompida, não há problemas: cada nova página suscita novas vontades, cheiros e apetites.
E, como um livro, penso ser a história de nossas vidas. Cada novo período - horas, dias, meses e anos - uma nova página a ser escrita. Somente isso: desnudar a vida e registrá-la em nosso conto particular.
Mas, como devem ser as grandes obras, nenhuma história tem uma só personagem. Por isso, ao folhearmos nossas páginas já escritas, vemos quantos co-autores já contribuíram para nossa narrativa. De forma intensa, fizeram de cada capítulo um momento único, singular, tão importante que poderia ser origem de um novo livro.
E, desse modo, é como vejo meus amigos. Hum...Não. É como vejo minha segunda família. O nome? Não é Miura nem Matos. Somos nós: Os Faxa!
Sobrenome engraçado? Cristiane Matos Miura Faxa. Não soaria tão mal. Porém, ser Faxa não é simplesmente usar um nome; é uma questão de identidade. Japa, Pança, Furacão, Janola, Tim, Narigudo, Mú, Chapola, Chocola, Marafão. Cada um com seu livro, mas com algumas páginas em comum. E, para que eu compusesse esse post, foi necessário reler algumas delas....
Minha página começa na oitava série, quinze anos. Idade desgastante. Melhor: irritante. Não se sabe muito da vida, mas a gente é o único que NÃO sabe disso. Na escola (até então E.E.P.S.G.David Carneiro Ewbank - como era grande esse nome!) várias mudanças ocorriam. Por causa de uma lei estadual, escolas até então rivais (pelo menos nos Jogos da Primavera..rssr..) deveriam unir os alunos. Assim, a escola Barão da Franca iria mandar seus aluninhos nerds para o CEDE (desculpem, mas era assim que pensávamos na época..rrs). E foi feito: novas classes, novo grupos. A partir de então, fomos nos encontrando (ou reencontrando?!?).
De forma bem peculiar, muitos caminhos foram traçados nesse período da oitava série (1997) até o terceiro colegial (2000). Brigas, risos, alegrias, discussões, nossa! Todo encontro era marcado por um fato. E o dia seguinte? Era a melhor parte. Um ligava pro outro, pra comentar, xingar ou somente rir. Se esses anos tivessem sido registrados em jornais, algumas notícias seriam assim:
"Garoto é encontrado dormindo em banco de uma praça próximo ao Franca Shopping"
"Grupos rivais brigam em festa de final de ano"
"Encontrada jovem abraçada ao vaso sanitário. Teria bebido muito?"
"Sobrenatural: meninos em chácara afirmam ter visto fantasmas"
E por aí vão muitas...Poderia ficar aqui à noite toda e as notícias não se esgotariam.
E, no final do ano de 2000, termina o ensino médio. Para muitos (e eu cheguei a ouvir) nossa amizade enfraqueceria. Isso porque, segundo esses "muitos", nós iríamos nos distanciar. Será?
Bom, estamos já em 2010. Décimo ano de amizade. 10 anos, meus amigos. O que eu diria para os "muitos" daquela época?
Hum...Verdade, geograficamente, acabamos nos distanciando: São José do Rio Preto, Franca, Ribeirão Preto, Pontal. Estamos em vários locais. Somos vários: analistas, advogados, fisioterapeutas, professores, representantes, pesquisadores, enfim. Mas, amizade enfraquecida? Nunca. Em nenhum momento. Ao contrário, Os Faxa aumentaram, em número e gênero: Dani (vulgo Blá-Blá-Blá), Má, Aline, Lívia, Van. Somos mais e melhores! E por isso, hoje, eu entendo o porquê dos comentários de que nós nos separaríamos. Ciúmes, inveja, "picuinha"... Isso não sei. Mas, sei que sempre gostei da idéia de sermos um grupo fechado e autoprotetivo (e como isso irritava aos outros!).
Enfim, estamos juntos. Como sempre estivemos. Mesmo nas brigas, mesmo nas discussões. Somos os mesmos de 1997? Claro que não! AINDA BEM que não! Construímos novos valores, encontramos novas pessoas, reencontramo-nos com a gente mesmo! Descobrimo-nos! E assim o será. Sempre e sempre...Pois somos e estamos continuamente evoluindo, refletindo sobre nossos valores. Mas, o que importa, é a nossa essência. E isso, nossa amizade mantém. Ainda que fiquemos meses sem nos vermos, quando nos encontramos é como se uma conversa tivesse parado no dia anterior. E, então, haja energia para a noite toda!
E é ISSO. OU TUDO isso. Somos nós: OS FAXA.
O que mais amo? Nossas conversas (regadas a muita bebida e comida!).
Do que mais sinto falta? Do barulho de nossas risadas, quando rimos todos juntos.
E o que mais valorizo? A lealdade de vocês.
E é por isso que criei esse post, na tentativa de verbalizar, de forma escrita, o que Os Faxa significam pra mim. Mais do que tudo: um livro já escrito (por sinal muito bem escrito por nós). Mas, ainda, com muitas páginas em branco, à espera de nossos lápis, canetas e pincéis...
E aí? Estão afim? Eu, como sempre, estarei.
Que lindo professora Cris Miuraaa...
ResponderExcluirQue orgulhooooo do seu dom!!! E só para constar, meus lápis, canetas e pincéis estão disponíveis para preencher um pouquinho dessas páginas em branco com todas as peripécias bla-bla-blazisticas!! rss...
Bjuu...
PS.: Muito obrigada por me deixar fora das fotos!! =D